Antologias do ELAM

  • Autores: Melissa Soares Medeiros, Dulce Maria Sousa Barreto, Raquel Sampaio e Arruda Bastos
  • Categoria: Literatura
    Área Temática: Literatura
  • Disponível em: Formato Digital

 

O ELAM surgiu do encontro de duas paixões: a Medicina e a Literatura.

 

Desde pequenos, somos estimulados a desenvolver determinadas características necessárias para a sobrevivência e para a vida em comunidade. O asseio, a higiene, a alimentação balanceada, a paciência, o respeito aos outros. Aprendemos quais são as diferentes partes do corpo e suas funções, dos mais expostos até os mais escondidos.

Recebemos a noção do que é perigoso e do que é seguro. As brincadeiras nos mostram o que é o prazer, o que é a dor, as sensações que envolvem um corte na mão e uma queda da árvore. Na hora do lanche, descobrimos como é gosto azedo de um suco de limão.

À medida que crescemos, passamos a compreender que podemos interagir com o mundo exterior a nós mesmos. Os objetos podem ser mexidos, modelados, quebrados e consertados, enquanto os animais podem ser receber um afago, mas podem também atacar quando se sentem ameaçados.

Quando nos damos conta, entretanto, que nossas ações  podem exercer uma influência direta na vida de outras pessoas, surge em nós o elemento que nos fará ambicionar pelo cuidado com o outro. A prática da Medicina, assim, tem o seu núcleo na maneira como nós nos vemos no mundo: mais do que a mera interação, sentimo-nos impulsionados a estender nosso braço para além da nossa capacidade a fim de que a dor seja abrandada, o mal desapareça e a alma se apazigue.

Para muito além do apelo social e financeiro da profissão, o que mais se destaca na prática médica é o chamado para se colocar no lugar do outro. Sentir a dor do paciente, o seu mal-estar, a sua angústia. Há, então, um certo grau de masoquismo na vida de todo médico, mas não se trata de um desvio, e sim do pequeno preço que se paga para proporcionar o alívio e a cura.

A empatia, assim, não é opcional, mas absolutamente obrigatória na rotina hospitalar. Colocamos os nossos olhos em órbitas alheias a fim de que consigamos ter uma perspectiva melhor e que nos conduza a decisões e terapias mais acertadas. Aqui, a Literatura se coloca como ponte, aos nos proporcionar percorrer caminhos que, de outra maneira, não teríamos como percorrer.

A ficção literária, em sua superfície, é habitada por narrativas imaginadas, às vezes até fantásticas e insólitas. Quando nos aprofundamos, no entanto, a riqueza das experiências humanas que podem ser vividas nos torna mais sensíveis e aptos a lidar com os outros. Tornamo-nos mais tolerantes, mais pacientes, aprendemos a aceitar melhor a imprevisibilidade e as nossas próprias limitações.

Antes da criação do ELAM, unir a Medicina e a Literatura era um movimento sagrado da nossa intimidade como médicos e leitores. Depois de criado, o ELAM se confirma não apenas como uma alternativa entre vários outras, mas como o caminho que nos prepara para atuarmos não só como um técnico cujo foco é a doença, mas como terapeuta que trata a saúde de cada pessoa.

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