Sobre

              A finalidade desse portal é incentivar a leitura e a produção literária em estudantes de Medicina na graduação.

A tecnologia vem trazendo um bem para a literatura e para as artes. Pouco a pouco, os livros vão incorporando ferramentas tecnológicas e as novidades da informática amplificam o universo da leitura e da produção literária. Por isso, é salutar que existam muitos portais destinados a quem deseja ler e escrever.

Sabemos, também, que a decisão de escrever, nos dias atuais, esbarra quase sempre na falta do hábito, de tempo e de inspiração. Para os estudantes universitários, envolvidos no dia a dia de sua formação, isso é preocupante, pois os não afeitos à leitura podem sofrer de diversos distúrbios e perdem a chance de introjetar virtudes fundamentais para o profissional, principalmente a empatia, o agir humano e a visão holística do mundo.

A literatura, quando sorvida e incentivada, pode produzir mudanças consideráveis no comportamento dos seres humanos. Para aqueles afeitos à leitura, um incentivo a mais pode levar ao despertar de novas capacidades e à descoberta de talentos ainda latentes; para os noviços na arte literária, pode representar o desabrochar de enrustidos escritores.

Trazer a literatura para os estudantes estimula o enriquecimento do vocabulário e permite o amadurecimento, nos alunos, da empatia, da ética e até da prevenção de diversas doenças do corpo e da alma.

Atualmente, no mundo, existe uma tendência na educação médica da utilização das artes nos currículos das escolas. Como exemplos, podemos citar a Harvard Medical School e a Universidade do Texas na Escola de Medicina da Dell, de Austin.

O descarrego das tensões do dia a dia em uma arte é fundamental para suplantar as dificuldades vivenciadas. Os estudos demonstram que o envolvimento nas artes durante o curso de Medicina é valioso no desenvolvimento de habilidades fundamentais para os futuros profissionais, como o pensamento crítico, a observação, a comunicação e a prevenção de algumas doenças.

A perda de empatia tem sido descrita como mecanismo de defesa do estudante mediante seu confronto com realidades de sofrimento e dor dos pacientes.

Nossa preocupação é apresentar uma ferramenta que facilite a introjeção da empatia como um bem fundamental para os alunos, de modo que, no momento em que eles passem a profissionais, ela esteja ainda mais a latente em seu dia a dia.

Com o processo artístico e literário, os alunos aprendem a se comunicar melhor com os pacientes, através do desenvolvimento de informações sobre assuntos relacionados à cultura e à diversidade do pensar e do viver.

Os professores argumentam que o envolvimento nas artes durante a graduação é valioso no desenvolvimento de habilidades essenciais para os médicos, como o pensamento crítico, a observação, a comunicação, bem como a conscientização e a empatia.

A necessidade de avançar em inovadores rumos educacionais surgiu pela preocupação com a ética e o desenvolvimento da consciência e da responsabilidade do aluno na graduação e da sua futura relação médico-paciente.

O uso de um portal que estimule e facilite a superação das dificuldades de tempo e ajude na inspiração humanística será o mecanismo fundamental para justificar o lançamento do portal.

Com as facilidades do portal, os estudantes passam a ter acesso, até mesmo pela novidade, que será utilizada inicialmente no projeto Elam da Unichristus, a um sistema próprio para os graduandos, diferente de outros genéricos e impessoais que estão disponíveis no mercado.

O portal, finalmente, pretende ser um Instrumento facilitador para o incentivo da produção literária e das artes para professores e alunos, visando uma mudança de comportamento, uma maior sensibilidade e discussão sobre questões éticas, sempre com pensamento crítico, comunicação aguçada, diálogo e debates sobre temas da literatura, com dialética sobre temas importantes como amor, doença e cuidados paliativos dentre outros.

 

ORIGEM DO PROJETO ELAM – ESTUDO DA LITERATURA E ARTE NA MEDICINA

No dia 17 de setembro de 2019 nasceu o ELAM (Estudo de Literatura e Arte na Medicina), composto por professores que sempre se reuniam antes das aulas de tutoria da Faculdade de Medicina do Centro Universitário Christus (Unichristus) para discutir literatura e o mundo da arte, breves 15 minutos de dinâmico embevecimento cultural e contemplação da beleza mais pura produzida pelo homem. Durante a despedida do semestre em 2019, o grupo resolveu abordar com os alunos questões referentes à literatura e à arte. O nome Elam surgiu da modificação da palavra “elã” que significa “inspiração, criatividade ou suspiro criador” ou ainda “princípio que explica a evolução da vida nas suas mais variadas formas”. A proposta era levar literatura e arte para a medicina, de modo a estimular os alunos a enriquecer a leitura, amadurecer a empatia e a ética, desenvolver melhor a coleta de história clínica do paciente, permitir o aprimoramento do raciocínio e conectar a vida com a arte. Pelo processo artístico e literário, os alunos aprenderiam a se comunicar melhor com os pacientes, por meio do desenvolvimento de informações sobre assuntos relacionados à cultura e à diversidade do pensar e viver.

Há uma tendência mais ampla na educação médica, que se tornou pronunciada na última década sobre a inserção da arte nas suas atividades educacionais. Cada vez mais, as escolas de medicina dos EUA estão investindo em currículo e programação em torno das artes. Os professores argumentam que o envolvimento nas artes durante a faculdade de medicina, seja por meio de cursos necessários ou atividades extracurriculares, é valioso no desenvolvimento de habilidades essenciais que os médicos precisam, como o pensamento crítico e as habilidades de observação e comunicação, bem como conscientização e empatia. Abordar uma grande variedade de cenários do mundo real, desde a tomada de decisões médicas até a ética. E nesta estrutura, há espaço para as artes do espetáculo, música, literatura e artes visuais.

Robert Rock, que estudou história de arte como graduação, tomou a iniciativa de desenvolver seu próprio passeio de arte pelo Yale Center for British Art. Sua turnê, chamada “Making the Invisible Visible”, foi incorporada ao currículo de Yale.

Em Columbia, os alunos podem fazer um curso de quadrinhos ministrado pelo Dr. Benjamin Schwartz, Professor Assistente de Medicina e Diretor Criador do Departamento de Cirurgia da Colômbia, que também é um cartunista contribuidor para o New Yorker. Em suas aulas de primeiro e quarto anos, os alunos aprendem a criar seus próprios quadrinhos e, no processo, obtêm insights sobre as diferentes vantagens para ver e entender as situações da vida real. Talvez o mais importante, eles aprendem a praticar histórias eficazes.

Na perspectiva dos estudantes de Medicina, os estilos de vida do ensino superior tendem a suprimir sua capacidade de dispor de seu tempo livre com a leitura de algum livro por lazer. Bill Noble diz “A prática da Medicina dentro de um contexto social é impossível sem o conhecimento da cultura”, o que poderia ser culturalmente mais instrutivo, conforme uma séria de estudiosos apontam, do que a Literatura e as Artes?

Com o acesso à literatura, o leitor é convidado a formular juízos sobre ações e eventos que ocorreram no enredo, portanto, criando crenças e valores éticos próprios.

Lazarus e Rosslynd explicam que experimentar as Artes pode facilitar a relação médico-paciente, por estimular visões mais aprofundadas sobre padrões de resposta exibidos por pacientes. Estes autores, ao conduzirem um estudo sobre um módulo de Artes na Escola Médica de Leicester Warwick, ficaram bastante surpresos ao descobrir que uma elevada porcentagem de seu grupo de alunos de Medicina “escreviam poesia, pintavam ou tocavam música de forma comprometida”. Adicionalmente, estes mesmos alunos afirmaram que um de seus principais interesses em participar do grupo em Humanidades Médicas foi para resgatar um antigo interesse que tinha sido deixado de lado, desde que entraram na Escola Médica. Os autores também demonstraram que esta foi uma maneira que os alunos de Medicina encontraram para “manter contato com um ‘eu’ que a formação médica não mais lhes deixava tempo para, e que sentiam em risco, uma vez que estava distorcido pelos constantes ‘fatos e números’ [a serem compreendidos e memorizados]”.

Nos E.U.A., onde a Medicina é estudada como uma disciplina de pós-graduação e uma proporção substancial dos alunos entram na Faculdade de Medicina após uma licenciatura anterior nas Artes Liberais, suas Escolas de Medicina ensinam Humanidades Médicas como rotina.

No Brasil, educadores médicos, como Dr Ricardo Tapajós da ESP, têm estado preocupados com a capacitação profissional apropriada e efetiva no campo da infecção pelo HIV/Aids, de forma que tratamento e cuidados possam ser oferecidos de maneira adequada, ética e humanizada. Com essas preocupações, o Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias DMIP da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, campus São Paulo FMUSP, tem oferecido regularmente dois cursos inusitados a seus alunos, sendo propostas que pretendem ensinar aspectos da Medicina por meio do ensino de Artes.

Os encontros são mensais para discussão de livros importantes da literatura mundial, ocorrendo as reuniões nas noites de terça feira. Recebemos durante o período alguns convidados que contribuíram para o enriquecimento intelectual do grupo, como Dr Estevão Portela Nunes da Fiocruz-RJ e Dr Alvaro Jorge Madeiro Leite.

Estávamos organizando uma atividade para produção em aquarela com os alunos, vinculada a um texto sobre suas produções ao final de fevereiro de 2020, quando tivemos nossa última reunião pré Pandemia pela Covid-19. Nesse momento, foi solicitado aos alunos que expressassem seus sentimentos e suas emoções da melhor forma por meio da pintura, e posteriormente eles produziriam seus textos.

No total, produziram-se 24 telas em aquarela. Antes do início da atividade, um dos coordenadores preparou um tutorial sobre como utilizar a tinta de aquarela e estratégias simples para conseguir tons e efeitos de textura. Durante duas horas, os alunos produziram as telas com as mais variadas temáticas. Após a realização da pintura, elaboraram-se os textos no transcorrer da pandemia. Os temas abordados nos textos foram principalmente: amor (N = 2), envelhecer (N = 2), pecado e religiosidade (N = 4), ciclo da vida (N = 6), câncer, caos, sabedoria, mortalidade (N = 3), tempo, olhar e ver (N = 2) e regionalismo (N = 2) (Figura 1).

Os 24 textos sobre as aquarelas foram reunidos e transformados em nuvem de palavras, refletindo as que mais prevaleceram (Figura 1). Por meio dos textos, o aluno pôde trabalhar uma estratégia de coping diferente, menos estressante, que lhe permitisse extravasar os sentimentos e as ansiedades para um grupo. O conceito de coping é derivado de duas abordagens: a primeira, vinculada à experimentação animal, refere-se ao comportamento de fuga e esquiva; e a segunda, relacionada à psicologia do ego, foca os mecanismos de defesa propostos pela psicanálise. Em uma visão mais integradora, o coping é explicado como um processo transacional entre a pessoa e o ambiente, em que as estratégias de enfrentamento têm as funções de alterar a relação entre a pessoa e o ambiente e adequar a resposta emocional ao problema.

A ideia do grupo Elam surgiu pela preocupação dos professores com a ética e o desenvolvimento da consciência e responsabilidade do aluno na graduação e com a futura relação médico-paciente. A perda de empatia tem sido descrita como mecanismo de defesa do estudante mediante seu confronto com realidades de sofrimento e dor dos pacientes a partir do terceiro ano de faculdade. Nossa preocupação também é proteger e manter a empatia dos alunos, de modo que, ao saírem para praticar a medicina, eles ainda sejam indivíduos empáticos. Alguns alunos se sentem confiantes com o currículo dos primeiros dois anos, mas experimentam maior estresse e ansiedade no início do terceiro ano, o que traz à tona a importância das habilidades interpessoais, habilidade em equipe e flexibilidade durante a rotação por várias especialidades da medicina. O terceiro ano também coloca, inevitavelmente, os estudantes de Medicina em contato com pacientes com doenças terminais. O terceiro ano da faculdade de Medicina foi estudado por Haglund et al. No estudo, muitos alunos relataram exposição a traumas, maus-tratos pessoais e péssimos role-models por superiores. A exposição ao trauma foi positivamente associada ao crescimento pessoal no final do ano, o que indica que os alunos tendem a ser resilientes. Em contraste, a exposição a outros eventos estressantes tornou os alunos vulneráveis ​​à depressão e a outros sintomas de estresse.

Para Coleman e Eso-Ahola, o lazer é capaz de gerar mecanismos de coping que ajudam o indivíduo a lidar com os problemas desencadeadores de estresse, assim como o esporte. As concepções de coping, decorrentes do lazer, têm um significado positivo para a saúde, repercutindo na redução dos níveis de depressão, estresse e ansiedade.

Paracelso já dizia: “Medicina não é apenas uma ciência, é também uma arte”. Ao combinar ciência e arte, a medicina pode ser prolífica na tentativa de investigar e compreender a vida humana como um todo, sem enfocar exclusivamente o estudo de suas partes constituintes.

Autores:
Melissa Soares Medeiros
Dulce Maria Sousa Barreto
Raquel Sampaio
Arruda Bastos

 

SOBRAMES – REGIONAL CEARÁ – UMA HISTÓRIA PARA SER CONTADA

POR CELINA CÔRTE

HISTÓRICO

No dia 24 de agosto de 1982, na sala de reuniões do Centro Médico Cearense, sob a presidência do Dr. Juarez de Souza Carvalho, foi realizada a primeira reunião com a finalidade de criação da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, capítulo Ceará, conforme denominação no livro de atas. Neste consta que o mentor da ideia de criação da entidade foi o colega Dr. Francisco Dionísio Aguiar Viana que, após dois anos de tentativas e contatos com diversos médicos de vários pontos do Brasil, passou à troca de correspondências com o 11º Presidente da Nacional na gestão 1982/1984, Dr. Odívio Borba Duarte. Este enviou cópia do estatuto da entidade-mãe para ser submetido a adaptações condizentes com a realidade local. Para isto, criou-se uma comissão constituída pelos médicos José Borges Sales, Francisco Nóbrega Teixeira, Lucíola Santos Rabelo e Emanuel de Carvalho Melo. Ainda presentes à reunião encontravam-se os médicos escritores: Hamilton Santos Monteiro e Mariano Araújo de Freitas. O fato interessante é que próprio idealizador da regional Ceará, conforme declaração pessoal nessa primeira ata, considerava-se apenas médico e não um escritor. Sonhou um sonho por nós… Poucos dias depois, em primeiro de setembro, nova reunião com a mesma finalidade, observando-se a adesão de outros médicos escritores, além dos já citados. Dr. Dionísio Aguiar informou haver recebido amável carta do Dr. Pedro Nava declinando do convite, por motivo de doença, para vir a Fortaleza por ocasião da posse da diretoria da entidade. Em seguida, informou que Dr. Odívio Borba Duarte aceitara o convite para presidir a posse. O estatuto da regional já pronto foi entregue pelo colega Francisco Nóbrega Teixeira e a eleição para posse da 1ª Diretoria marcada para o dia 15 de setembro. A única chapa inscrita e eleita foi assim constituída: Presidente – Dr. Emanuel de Carvalho Melo, Secretário – Dr. José Jackson Sampaio, Tesoureira – Dra. Lucíola Santos Rabelo. Como vogais: Dr. Francisco Nóbrega Teixeira, Dr. Francisco Sampaio Oliveira e Dr. Paulo Gurgel Carlos da Silva.

Aos quatro dias do mês de novembro daquele ano, no Centro Médico Cearense, na Rua Pedro I, nº 997, Centro, em Fortaleza, a primeira diretoria solenemente tomou posse, com a presença do presidente da Sobrames Nacional, Dr. Odívio, conforme fora planejado. Este sugeriu que o Dr. Francisco Dionísio Aguiar Viana ocupasse o cargo de vice-presidente, o que foi acatado sem qualquer restrição.

Após a posse, seguiram-se algumas reuniões, quando foram estabelecidas metas e decisões importantes para a consolidação da entidade. Uma delas, a merecer destaque, é que todos os autores das duas coletâneas, Verdeversos (publicada em 1981, anteriormente à criação da Sobrames-CE) e Encontram-se (1983), seriam considerados seus sócios fundadores.

No quarto dia de janeiro de 1984, foi eleita a segunda diretoria assim organizada: Presidente – Dr. Paulo Gurgel Carlos da Silva, Vice-presidente – Dr. Francisco Nóbrega Teixeira, Secretária – Dra. Maria Helena Pinheiro Cardoso, Tesoureira: Dra. Lucíola Santos Rabelo. Como vogais: Dr. Emanuel de Carvalho Melo, Ricardo Augusto Rocha Pinto e Dr. Francisco Barbosa Benevides. Esta permaneceu até 1987, quando foi eleita nova diretoria.

Após as duas diretorias citadas, seguiram-se as demais, sem qualquer hiato no que se refere às atividades da Sobrames-CE. Este fato confirma a operosidade de todos os envolvidos com a entidade nesses mais de 30 anos. Além dos dois primeiros presidentes já citados, seguiram-se: Dr. Geraldo Bezerra (1987-1989), Dr. Luiz Moura (1989-1991), Dr. Pedro Henrique Saraiva Leão (1991-1996), Dr. Wellington Alves (1996-2002), Dr. José Telles da Silva (2002-2006), Dr. José Maria Chaves (2006-2010), Dr. Flávio Leitão (2010-2012) e Dra. Celina Côrte Pinheiro que se encontra em sua segunda gestão, com conclusão prevista para 2016. Entre os nomeados, três  chegaram à presidência da Sobrames Nacional, o que muito nos orgulha: Dr. Pedro Henrique Saraiva Leão (1996-1998) , Dr. José Maria Chaves (2008-2010) e Dr. Raimundo José Arruda Bastos (atual presidente). Também de nossa regional saíram sobramistas que se tornaram imortais da Academia Cearense de Letras, da Academia Cearense de Medicina e da Academia Nacional de Medicina. Na área literária, além da imortalidade afiançada pelo título acadêmico, dois sobramistas, Prof. Dr. José Murilo de Carvalho Martins e Prof. Dr. Pedro Henrique Saraiva Leão, ocuparam também a presidência da respeitável Academia Cearense de Letras.

Atualizado em 22/12/2021 por Arruda Bastos